Em maior ou em menor grau, os protagonistas dos contos de A maturidade angustiada têm de lidar com o fracasso. São histórias sobre as quais se impõem a derrota e a resignação, prevalecendo um ressaibo oriundo da constatação de que aquilo triunfante que se imaginou para o futuro nunca irá se realizar.
O escritor carioca radicado em Brasília André Giusti opera na investigação anímica de seus personagens, algemados a crises existências, a autoenganos, a conflitos interpessoais e ao vazio que decorre da incapacidade de controlar o tempo. Tudo parece afetado por uma intratável ressaca, um mal-estar não passível de medicação.
“Lost”, que abre o livro, acompanha a submersão de um sujeito que passa em revista a sua vida, no dia em que completa 40 anos. É um relato forte e aderente, que faz pensar (sobretudo para aqueles nessa faixa etária) sobre a falência dos sonhos, sobre o quanto injetamos de ingenuidade/tolice na maneira de enxergar nossos planos.
Não há como se esquivar do pessimismo e da solidão do narrador. Em especial, pelo modo simples e áspero com o qual os fatos são apresentados.
Giusti leva sua escrita num crescendo, trabalhando com fraturas das mais comuns, que podem recair a qualquer hora sobre qualquer um. Uma doença fulminante, a perda do emprego, a descoberta de uma traição. Atos extemporâneos para os quais não existem saídas, convertendo o porvir numa intransponível sequela.
Todos querem escapar novamente com vida, pelo menos hoje, até quando der, até quando ninguém sabe, reflete o narrador do conto “O mesmo dia de sempre”. Um tipo de lema que conduz esse grupo de indivíduos que, contemporâneos da década de 80, olham para trás e não conseguem identificar nenhum sinal de sucesso, de ostentação.
A maturidade angustiada demonstra que a vida é uma soma de perdas e desapontamentos, que os vitoriosos são exceções. E isso é foda.
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Livro: A maturidade angustiada
Editora: Penalux
Avaliação: Muito Bom