Poemas pendentes, de Rodolfo Alonso, traz textos inéditos do poeta argentino, aclamado por nomes como Carlos Drummond de Andrade e Murilo Mendes. A edição bilíngue se constitui de dois cortes temporais: composições recentes e outras que ficaram de fora das obras consumadas do autor.
Os versos de Alonso se desconstroem em perseguições multifárias: do próprio homem que imanta à sua órbita uma constelação de sentimentos e observações do que passa pela moldura de seus olhos ao uso de uma matéria que se extrai da história, dos sonhos, da música e da literatura.
Tal diversidade também contamina a forma, que não se limita à classificações entre prosa e prosa poética. Assim, ecoa por todo o livro um vozerio ululante que atinge a tonalidade de uma canção de reverência (como no vigoroso poema dedicado a Maria Bethânia) e a inflexão de um comentário furtivo (A vida não é tão má/Meu gato cinzento voltou, de “Lume”).
Conforme escreveu Drummond, Alonso é detentor de uma “poesia que tenta exprimir o máximo de valores no mínimo da matéria vocabular, impondo-se uma concisão que chega à mudez”. O grande poeta também existe naquilo que repousa por trás do seu silêncio.
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Livro: Poemas pendentes
Editora: Penalux
Avaliação: Muito bom