A difícil tarefa de lidar com o embate desleal entre afeto e finitude é o que motiva A mãe eterna, da escritora e psicanalista Betty Milan.
Partindo do subtítulo “Morrer é um direito”, a obra é um relato delicado e franco dos últimos dias em que a autora paulista conviveu com a mãe, de 98 anos, cujo desmoronamento físico propõe uma reflexão sobre o poder de interferir no curso natural da vida.
Milan recorre a cenas cotidianas para repercutir uma condição em que a filha é obrigada a cumprir o papel de “ser a mãe da mãe”. A dependência, a imposição sobre as teimosias e, sobretudo, a consciência de que, contra a tristeza da perda iminente, impõe-se um amor que transcende a matéria.
Um livro que, desde o começo, direciona-se a uma despedida, mas que, nesse difícil trajeto, examina as relações humanas e familiares, a herança que cabe unicamente às memórias. Em suma, uma maneira de dialogar com o luto e extrair, dessa experiência, aprendizado.
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Livro: A mãe eterna
Editora: Record
Avaliação: Bom